Passado o pé de vento que rodou
minha cabeça, ao espertar do dia
se me aportou este silêncio vasto
que me abriu um deserto à janela.
Gosto deste quieto. Eu me escuto
nele. Ele fala as mesmas palavras
da minha dor. E outro me cegaria
também — e quão bem! — de saudade dela?
— e saudade é braseiro sob cinza —.
E que outro silêncio me amarraria
também — e quão bem! — na saudade dela?
Gosto deste quieto que cala mágoa,
que cala cores, que cala os albores,
que me desmaia de saudade dela.
(A gari pega e grita e grita, abrindo os braços: “Acudam, acudam! Um homem caiu da janela, no quarto”. Depois, saiu no jornal: “Além do uísque na mesinha, estes versos, em papel rasgado, eram prosopopeia gritante, na cama”).