OS olhos dele, em meio dos que me espreitavam, me foram tapetes de esperança em que me espreguicei.
E num luar, eu na cama com meus pareceres noturnos, ele pega e cola os lábios na janela: “Neusa...”. Aí eu o fiz assim como um quê sem par: se esquecido; todo abandonado em mim.
Mas o amor é difícil. É raro brilhante de sonho. Urge estar em mutuca (1). E no nosso amor, nossas artes lasseavam: a gente tinha nem forcinha prum suspiro.
Não há luxo que encobre o inclinado ao que não presta. Já a nossa vida de rancho beira-chão, era tão graça, tão fina, tão santa que nem essa lua a querer-se ver na pele do rio.
(Pausa.
Ela deita o olhar à lua, mas me parece que a lua é que descansa nela o olhar. Como eu)
Ele se foi. Mas o meu desperto é que ele me vem num arzinho buliçoso. Ah, achas que eu aqui, ele noutra espécie, isso me isola do arrepio aos seus toques? Não, não! Ó, alumias aqui, o meu braço... Ó!
(1) – mutuca: “estar em mutuca” é estar atento. Faz alusão a estar atento à mutuca, inseto de picada dolorosa.