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terça-feira, 5 de maio de 2015

Tipitinha

Às mamães, intrépidas mamães, precisas mamães,  angélicas mamães.



      ― Tipitinha!
    Tipitinha fala com a boneca Pitanga, ao jasmim-azul:
      ― Minha mãe, Pitanga. De novo. Aqui, maeê! No jasmim, tá? (pausa) Ela reza por meu pai no Céu, Pitanga. Não sabe que meu pai vem brincar de esconde-esconde co’a gente.
      E o pai apareceu, parece, de trás do pé de limão amarelinho. Um tipo de mágica, se é mágica a ternura que os envolve. De dedo nos lábios, “Psiu!”, se abaixa e abraça Tipitinha.
      Por trato, ela não revela, ainda, que brinca com ele. “Que tal, um buquezinho a sua mãe? É o Dia das Mães!”. “Hum, rum?!”. “Então diz a ela que irá colher uma florzinha pra Pitanga e já volta”. “Tá. Maeê!...”.
      A caminho das chuvinhas-de-prata, Tipitinha ouve, atenta, o pai a falar de uma palestra que um velhinho proferiu, no lugar onde ele vive:
      “Tipitinha, olha, ele falou que Deus fez isso, ó, para criar a mãe. Que a mãe deveria ter o jeito guerreira, a cura dos machucados no beijo, o repouso nos braços para o abraço. Nos lábios, o ânimo às asas caídas e o risinho perdoador à torta fuçada no forno. Teria um olho especial pra ver o que se passa com quem se tranca em si. No coração, cantigas de acalentar filhinha e papai. E Deus fez isso, e mais, na sua mãe, que, à falta da minha, me foi mamãe”.
      Buquezinho arranjado, a mãe a pega no pulo: “A falar sozinha, filhinha?”. Tipitinha olha pros lados ― Ué! ― e vê o pai com o dedo em “Psiu!” ao pé de limão amarelinho, pronto pra ir embora. Enrola-se: “Não, né mãe? Sabe, sim, é que vim fazer buquezinho pra você. Não é o Dia das Mães?”.
       A mãe a beija, a aperta, cai-lhe lágrima, mas desconfia de que nesse mato tem coelho, porque mãe, como diz o pai de Tipitinha, “só pode ter pacto com um Anjo de olho aberto, outro arregalado”.